Deletar arquivos, apagar o passado: ars obliviondis, entre a necessidade e a resistência
Resumo
O trabalho parte do estudo da relação entre arquivamento e apagamento, procurando desdobrar a dialética entre guardar e esconder, arquivar e apagar. Ele mostra como no campo da memória tudo é político. Lembrando da relação entre a arte da memória (a mnemotécnica clássica) e o princípio do arquivo, o estudo propõe também um rápido levantamento das “técnicas de esquecimento” e de apagamento do passado. Se para autores como Umberto Eco é impossível se falar em uma “técnica de esquecimento” (ars oblivionalis) propriamente dita, por outro lado mostra-se que não é menos verdade que o Estado e os detentores da “chave” dos arquivos sempre tentam selecionar o que pode ser armazenado e apagar ou esconder o que não lhes interessa. Se a anistia (o esquecimento decretado) pode auxiliar em um pacto social após ditaduras e excessos da parte do poder, ela também serve para manter as feridas abertas do passado. Partindo do modelo psicanalítico da memória como inscrição de traços apresentamos a arte de ler traços do passado inscritos no presente como um momento necessário da cultura apesar da resistência a esta leitura.Downloads
Publicado
2010-09-10
Como Citar
Seligmann-Silva, M. (2010). Deletar arquivos, apagar o passado: ars obliviondis, entre a necessidade e a resistência. Cadernos AEL, 13(24/25). Recuperado de https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/ael/article/view/2552
Edição
Seção
Artigos