Cadernos AEL

Apresentação

Lucilene Reginaldo — 2012-05-09

Muitos foram os motivos que nos levaram a propor o dossiê Cadernos AEL n.30 - 90 anos do Partido Comunista do Brasil. Assim como outras instituições, reconhecemos a relevância para a história política brasileira, particularmente para a história da esquerda, do partido que se constituiu e atuou ao longo de quase todo século XX, completando no ano de 2012, 90 anos de existência.

"Chega de formar fazendas para os outros, para depois receber despejo"

Vagner José Moreira — 2012-05-09

A partir de narrativas de militantes comunistas em periódicos sobre o Levante Comunista de 1949, ocorrido em Fernandópolis, interior do Estado de São Paulo, discuto a disputa em torno da memória de experiências sociais de trabalhadores ao organizar movimentos sociais de luta pela terra e por direitos trabalhistas no campo. Desses materiais históricos emergem a avaliação política de militantes comunistas sobre as práticas partidárias no período de 1946-1954.

"Moscouzinhos" no Brasil

Felipe Augusto dos Santos Ribeiro — 2012-05-09

O presente trabalho tem por objetivo analisar a atuação da militância comunista no município de Magé, Estado do Rio de Janeiro, entre 1940 e 1964, efervescência política que caracterizou a cidade como "moscouzinho". Acreditamos que por meio desse estudo de caso, ancorado a outras pesquisas semelhantes, possamos compreender de forma mais apurada como se deu a experiência do Partido Comunista do Brasil (PCB) nas pequenas cidades brasileiras, para além das decisões de cúpula no seu Comitê Central.

Memória da prisão política sob o regime de Vargas

Julia Monnerat Barbosa — 2012-05-09

Este artigo tem como objetivo os registros sobre a experiência da prisão durante o primeiro governo Vargas, publicados em memórias de militantes comunistas. Constatando a diversidade dos registros memorialísticos, o artigo investe na análise dos aspectos comuns às narrativas de militantes que não eram propriamente escritores profissionais, confrontando-os com a literatura sobre o mesmo tema produzida pro Graciliano Ramos e Jorge Amado.

Ação cultural, antifascismo e União Nacional na revista Seiva

Carlos Zacarias de Sena Júnior — 2012-05-09

O objetivo deste artigo é analisar a atuacáo da revista baiana Seiva enquanto instrumento de ação cultural e de luta política a
serviço do antifascismo e da Unido Nacional no Brasil. Criada em 1938, em Salvador, por jovens intelectuais engajados, um deles
pertencente ao Partido Comunista do Brasil (PCB), Seiva constituiu-se num importante espaco de divulgacáo das formulações políticas dos comunistas em meio ao Estado Novo, à Segunda Guerra Mundial e a ameaca fascista que pesava sobre diversos países. Sendo um veículo legal e oficioso do Comité Regional da Bahia (CR-BA) do PCB, os comunistas, através da Seiva, iniciaram um vigoroso processo de resisténcia e recomposição partidária a partir da intervenção direta no movimento de massas que arrastou multidões às ruas contra o nazifascismo, a quinta-coluna e o integralismo. Ao longo dos seus cinco anos de funcionamento, Seiva expressou a linha política do PCB, sendo fechada por determinação do Estado Novo em 1943.

Encarte fotográfico

Arquivo Edgar Leuenroth/Unicamp — 2012-05-09

Coleção História da Industrialização, Arquivo Edgard Leuenroth/UNiCAMP, Campinas, SP.

O direito ao nome do pai

Sueann Caulfield — 2012-05-09

Este artigo analisa como a garantia da dignidade da pessoa humana na Constituição Brasileira de 1988 influenciou o direito e as políticas de família, particularmente o direito das crianças ao reconhecimento paterno. Examina a história dos debates legais sobre filiação ilegítima e “direitos familiares” a partir do século XIX, descrevendo os debates jurídicos sobre como a justica
brasileira pode e deve interferir nos casos que envolvam relações familiares náo reconhecidas legalmente (em primeiro lugar, o
concubinato, na década de 1940; depois, meio século mais tarde, “uniões homoafetivas” ou unides entre pessoas do mesmo sexo). O artigo descreve as mudancas implementadas pela Constituição de 1988, a qual eliminou a categoria de filiação ilegítima no Direito de Familia, e analisa um programa estatal contemporâneo que visa promover a “paternidade responsável”. O texto argumenta que tanto esse programa quanto a Constituicáo refletem conflitos existentes sobre que tipos de familias merecem a proteção do Estado.

Como os não tão fracos prevalecem

John D. French — 2012-05-09

Marcos Andreotti (1910-1984) foi líder trabalhista e comunista durante toda sua vida e atuou na região do ABC industrial da Grande São Paulo. Este artigo explora a vida de Andreotti com base em entrevistas extensas e registros policiais e judiciais
confidenciais, além de situar no interior de sua trajetória de trabalho como eletricista qualificado a perseguição acirrada de
que ele foi vítima nos primeiros anos da Guerra Fria. Mostra-se como a demanda do mercado de trabalho por trabalhadores
qualificados forneceu as bases para a militância continuada de Andreotti e moldou de forma decisiva sua filosofia de organização do chão de fábrica com base em uma dialética entre trabalhadores qualificados e náo qualificados. Assim, lança-se nova luz sobre os fundamentos pouco compreendidos da militância política e trabalhista da classe trabalhadora ao mesmo tempo que se destacam continuidades inesperadas entre a era de Andreotti, anterior a 1964, e o mundo do “Novo Sindicalismo” do final dos anos 1970, iniciado no ABC sob a liderança do ex-presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva.