Sobre a inquestionável filosoficidade do pensamento indiano
On the unquestionable philosophical nature of Indian thought
Resumo
Em um texto recente que apareceu na coletânea “Pensamento e realidade” o professor Marco Aurélio Werle, da faculdade de filosofia da Universidade de São Paulo, repropõe o velho estereótipo orientalista, segundo o qual, fora do ocidente, não existe filosofia. Embora essa tese seja anacrônica e já amplamente refutada, ela continua sendo forte e profundamente arraigada no meio acadêmico da filosofia “ocidental”, particularmente o brasileiro. Por isso, apesar da total inconsistência dos argumentos utilizados por Werle para sustentar sua posição, consideramos que seu texto merece uma réplica. Com efeito, trata-se de um texto especialmente emblemático, que mostra com clareza que a tese da inexistência de filosofias não-ocidentais só pode ser sustentada, hoje em dia, com base em pré-conceitos: isto é, conceitos formados antes e em ausência de qualquer tipo de contato e confronto com a imensa literatura primária e secundária onde a existência de filosofias não-ocidentais é evidente e incontestável. Além de evidenciar a total inviabilidade da tese orientalista defendida por Werle, neste artigo pretendo argumentar a favor da importância crucial – não apenas teorética ou histórico-filosófica, como também, hoje em dia, política – de reconhecer como filosóficas as tradições de pensamento não-ocidentais que possuam conteúdos, métodos investigativos, e outros elementos próprios da filosofia. Por limitações de espaço e de minhas competências os argumentos que se seguem serão desenvolvidos a partir de uma perspectiva indológica e budológica em particular, deixando para outros a tarefa de replicar a Werle, eventualmente, do ponto de vista de outras tradições filosóficas não-ocidentais.
Palavras-chave: Orientalismo, Filosofia.
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