Um acontecimento amoroso: o (não) saber da transferência e o motor de um pensamento
A love event: the (non-)knowing of transference and the driving force of thought
Resumo
Este trabalho discute o alcance do advento histórico da psicanálise lacaniana, abordada a partir do reordenamento das tramas de saberes decorrentes da conceitualização do inconsciente e da transferência. Tal ponto de inflexão possibilita situar a psicanálise tanto como intervenção no campo da ciência quanto como subversão discursiva no campo do amor. Para isso, recorremos às contribuições de Alain Badiou, que reconhece o acontecimento lacaniano como decisivo no horizonte filosófico, sustentado materialmente pela instauração de um novo procedimento de verdade a respeito do amor. Se, em um primeiro momento, a formulação freudiana da transferência tornou possível a constituição de uma trama conceitual destinada às relações afetivas entre médico e paciente – trama que, entretanto, rapidamente ultrapassou seu contexto de origem ao oferecer uma gramática capaz de pensar os determinantes do amor em outras relações –, os avanços lacanianos, ancorados na crítica à noção de intersubjetividade, no papel da identificação e na interposição da linguagem na constituição do sujeito, instauram as condições para uma crítica à concepção fusional do amor: trata-se de pensá-lo a partir do Dois, e não mais do Um. Desse modo, o ordenamento específico do campo transferencial fornece a base para a formalização do discurso analítico, caracterizado, por sua vez, por um alinhamento formal com uma concepção de ciência e, igualmente, como avesso do discurso do mestre – e, por consequência, também do discurso filosófico. Assim, é possível definir a psicanálise lacaniana como um acontecimento duplo na história do pensamento: por um lado, um acontecimento amoroso; por outro, um acontecimento arqui-científico.
Palavras-chaves: Jacques Lacan; Alain Badiou; Transferência; Amor; Filosofia.
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