Da certeza do moi à fé no mundo: A discrepância entre sujeito e objeto segundo Malebranche
From sure of moi to faith in the world: The discrepancy between subject and object according to Malebranche
Resumo
Este artigo traz uma investigação sobre o posicionamento de Malebranche
relativo ao conhecimento dos corpos. Para isso, inicia discutindo as considerações
de Malebranche sobre o status do moi, a partir de sua recepção da obra de Descartes,
indicando como a proposição do cógito não é adequada para ser a base de um
conhecimento indubitável. Em seguida, expõe os argumentos de Malebranche ao
sustentar a tese de que na operação sensorial a alma não tem contato com corpos
exteriores. Isto posto, estamos em condição de reconhecer a sua defesa da relação
entre a alma e Deus quanto à percepção. Finalmente, trataremos da maneira como
entende os corpos enquanto coisas existentes somente sob a justificação da fé, de
modo que podemos apenas crer em corpos existentes. Com isso, concluímos que
Malebranche operou um deslocamento da compreensão de Descartes de que, longe
de ser algo claire et distincte, o moi é na verdade ténèbresa, ou melhor, algo confuso
e irredutível para a razão, o que corrobora para sua convicção de que só podemos
pensar a existência dos corpos por meio da fé.
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