Epístola X. Epistle X. Trad. Diego Lanciote.
Abstract
Não temos a data precisa desta epístola, da qual temos conhecimento apenas pela Opera Posthuma1 . Endereçada a Simon Joorsten De Vries (1634-1667), amigo de Spinoza e proveniente de uma família de comerciantes2 , esta epístola versa sobre o conhecimento pela experiência a propósito da existência e da essência, especialmente, referindo-se ao conhecimento dos atributos. Ademais, Spinoza também responde à demanda de De Vries sobre a pertinência de certas proposições às ditas verdades eternas e convém neste ponto bem observar que a proposição exemplar tratada é claramente de matriz epicurista. Nada se faz a partir do nada [à nihilo nihil fit] é formulada por Lucrécio em De Rerum Natura, I, 149-150: “O princípio que para nós se assumirá como começo é que nenhuma coisa nasce a partir do nada, jamais por divindade.” [Principium cuius hinc nobis exordia sumet, / nullam rem e nihilo gigni diuinitus umquam.]. É certo que formulações difusas têm precedentes entre os eleatas, e.g., Parmênides3 e Melisso4 ; contudo, faz-se mister conceder que sua expressão latina é, pelos escritos que nos chegaram da antiguidade, exclusivamente lucreciana. Essa relevante intertextualidade entre Lucrécio e Spinoza porta um interessante efeito teórico, sobretudo, pelo divinitus umquam a partir do qual também se pode interpretar, no mínimo, a confluência de ambos os projetos filosóficos, o epicurista e o spinozano, a respeito do combate à superstição. Pode-se observar igualmente que, tomada em seu forte sentido epicurista, a fórmula e nihilo nihil fieri implica a apreensão etiológica da natureza das coisas em sua generalidade, amalgamando inteligibilidade e necessidade através de causas certas ou, nas palavras de Lucrécio, “sementes certas” [certa semina] e, assim, afastando qualquer possibilidade de intervenção divina que possa engendrar qualquer exceção à ordem natural.Downloads
How to Cite
Issue
Section
License
Política para Periódicos de Acesso Livre
Aos autores(as) que tencionam submeter suas obras e publicá-las na revista Modernos & Contemporâneos, não será, sob hipótese alguma, cobrado qualquer tipo de taxas, sendo tais procedimentos inteiramente gratuitos.
Autores(as) que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Todas as obras publicadas na Modernos & Contemporâneos [ issn 2595-1211 ] encontram-se licenciadas com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.
b)Autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c)Autores(as) têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre)