Da dignidade dos mortos-vivos: psicanálise e política nas representações dos zumbis
Abstract
A figura dos zumbis apareceu no imaginário social do ocidente já na primeira metade do século XX. Nesse momento, tratava-se de uma espécie de feitiçaria que “ressuscitava” os mortos haitianos, que saíam de seus caixões e se punham a trabalhar de maneira mecânica, como autômatos - efeito de entorpecentes usados em rituais vodu. Contudo, com o sucesso que alguns livros tiveram em torno dessa narrativa (com destaque para “Ilha da magia: fatos e ficção”, de William Seabrook, 1929), logo a cultura americana tratou de notabilizar essa imagem de um corpo autômato para junto dos outros seres sobrenaturais, transformando essa estranha experiência haitiana numa espécie de fórmula pronta de sucesso no entretenimento. No livro, encontramos uma análise tanto psicanalítica quanto política dessa categoria dos zumbis, entre outras figuras sobrenaturais, não apenas de modo a explicar nosso fascínio pelos mortos-vivos, mas com uma ideia muito mais interessante de dar uma dignidade outra a isso que aparece como uma espécie do que há de mais abjeto entre todos os seres.
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