Sentir e compartilhar o mundo: Animais e humanos segundo Descartes
Feel and share the world: Animals and humans according to Descartes
Resumo
Neste artigo discutirei duas questões sobre os animais e os humanos na filosofia cartesiana. A primeira questão diz respeito ao significado dos predicados sensíveis e será respondida de modo a mostrar que eles são equívocos nos textos de Descartes. Considerando a equivocidade desses predicados, defenderei que ela se justifica pela redefinição que Descartes propõe do conceito tradicional de alma, excluindo dele as partes vegetativa e sensitiva. A segunda questão diz respeito às implicações que aparentemente poderiam ser extraídas da tese cartesiana de que os sentimentos dos animais se reduzem a movimentos na matéria. Ao tratar dessas implicações, defenderei que Descartes estabelece uma classificação não hierárquica das criaturas, relacionada com o seu projeto de fundamentação de uma nova ciência, que elimina as causas finais como princípios inteligíveis de explicação do mundo e de sua criação e que recusa a visão antropocêntrica de que os humanos seriam o centro do universo.
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