Benhabib e um espaço público para sujeitos concretos
Resumo
O artigo tem como objetivo analisar noções e teses fundamentais com as quais Benhabib constrói uma concepção de espaço público universalista capaz de superar a primazia do domínio legal, um certo excesso de racionalismo e cegueira de gênero das teorias morais e políticas modernas, que segundo a autora ainda estão presentes na ética do discurso de seu interlocutor direto, Jürgen Habermas. Em nossa chave de leitura, este espaço público, capaz de responder às contribuições feministas, tem como pilar central as relações ético-políticas estabelecidas em regime conversacional, sob a égide do conceito de “outro concreto”, num continuum com o conceito de “outro generalizado”. Para cumprir este objetivo, procuramos mostrar que a participação dialógica no espaço público funciona como um procedimento de validação das regras de ação, ao mesmo tempo em que são vetores na transformação moral e política dos agentes. Em seguida, expomos como o conceito de outro concreto serve de plataforma para a superação das teorias éticas centradas no direito e na justiça, possibilitando a constituição de uma ética que considere as diferenças e inclua questões de boa vida e felicidade em seu corpo teórico. Por fim, levando em consideração as críticas feministas sobre o déficit de gênero, bem como sobre a falta de concretude das teorias morais, sinalizamos a necessidade da construção de um novo modelo de espaço público que supere tais defasagens.Downloads
Publicado
2019-04-10
Edição
Seção
Artigos (Dossiê Temático)