Consenso e crise

Adorno e a ideologia da integração no pós-guerra alemão

Autores

Resumo

Desde seu retorno do exílio, Adorno permaneceu cético em relação ao consenso social forjado em torno da reconstrução “restauradora” da Alemanha. A integração do proletariado à sociedade burguesa constituía, também no pós-guerra alemão, a base para a estabilização do capitalismo nos países centrais: os trabalhadores se haviam incorporado de uma vez por todas ao sistema, os conflitos sociais haviam sido institucionalizados e os elementos disruptivos da ordem estavam neutralizados. Essa sociedade totalmente administrada havia alterado de maneira substantiva as relações laborais, o nexo entre economia e política e as relações dos indivíduos consigo mesmos. Mas se, por um lado, a integração tem uma dimensão objetiva – na medida em que a sociedade se tornara uma totalidade plenamente mediada pela forma mercadoria –, por outro, Adorno a considera como aparência socialmente necessária, dado que representa os antagonismos sociais como já pacificados. O presente artigo aborda a crítica de Adorno à ideologia da integração veiculada em sua época e visa compreender o ideário implicado em termos tais como “parceria social” e “pluralismo”, assim como em doutrinas que então emergiam, a exemplo da teoria do conflito social. Ao mesmo tempo, contrapõe a noção crítica de integração, em Adorno, à formulação apologética da “integração saudável”, preconizada pela doutrina ordoliberal, em particular, por Alexander Rüstow.

Downloads

Publicado

2020-04-20

Edição

Seção

Artigos (Dossiê Temático)