Contrapúblico e público discursivo como pontos de passagem
Derivando tipos dos atos de recepção em artes visuais no Brasil dos anos 2010
Palavras-chave:
Artes Visuais, Contrapúblicos, Michael Warner, Público discursivo, Recepção artísticaResumo
Disposto a lidar com problemáticas pautadas por ações de repúdio às artes visuais no Brasil, na década de 2010, este artigo investe na ideia de “atos de recepção” como forma de trazer para o primeiro plano a agência dos públicos detratores, discutindo-a com base em um projeto compreensivo do fenômeno. Para isso, recorre à teoria de Michael Warner acerca do “contrapúblico” e do correlato “público discursivo”, mobilizando-os como conceitos favoráveis ao reconhecimento, à descrição e à análise de gestos performativos atrelados à discursividade e à esfera públicas. Tomando como exemplo os casos envolvendo a 31ª Bienal de São Paulo (2014) e a exposição “Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira” (2017), a presente abordagem busca pensar a circulação e a reflexividade adquiridas pelos trabalhos artísticos, enunciados curatoriais e agendas sociopolíticas privilegiados por esses eventos artísticos entre públicos que se mostraram hábeis em elaborar e difundir versões abominadoras dessas “textualidades”, a ponto de produzirem efeitos reais na sequência, ou mesmo na interrupção, das mostras. A movimentação das noções warnerianas, e a aproximação delas com as situações relatadas no texto, permitem-nos ensaiar a cunhagem de tipos voltados a representar os fulcros discursivos das condutas e retóricas indecorosas praticadas publicamente por atores de perfil reacionário diante de produções artísticas de viés progressista.
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