Modernismos brasileiros e Teoria crítica

 

O Modernismo foi um toque de alarme. Todos acordaram e viram perfeitamente a aurora no ar. A aurora continha em si todas as promessas do dia, só que ainda não era o dia [...].

Mário de Andrade. O empalhador de passarinho (1944)

 

Em vista do centenário da Semana de 22, a Revista Dissonância propõe revisitar o tema do modernismo brasileiro em busca de contribuir para a tessitura de relações entre as formas artísticas e os processos histórico-sociais brasileiros sob o horizonte conceitual da Teoria Crítica.
Ao longo do século XX até os dias atuais, os diferentes modernismos têm sido tematizados por artistas, críticos e intelectuais como tarefa a ser cumprida ou tradição a ser problematizada. O engajamento de artistas brasileiros na renovação das linguagens artísticas, em suas formas e conteúdos, culminou, no plano intelectual, na ideia de formação de uma cultura e de uma nacionalidade. Isso veio a ser, mais tarde, compreendido como tentativas de modernização do país - um projeto que, no entanto, permanece inacabado. 
Se não é possível dissociar nosso primeiro impulso modernista do projeto vanguardista europeu, parece necessário, ao mesmo tempo, considerar as especificidades de um discurso que forja sua própria modernidade. Segundo Antonio Candido, o Modernismo adensou a dialética do “localismo e cosmopolitismo”, pois a assimilação das vanguardas artísticas europeias teria sido feita em sinal invertido: nossas deficiências reinterpretadas então como superioridades. Um processo duplo, portanto, de integração e diferenciação, cujo desenlace seria uma espécie de “desrecalque localista”. Na condição de um dos autores mais decisivos na recepção nacional da Teoria Crítica, Roberto Schwarz irá repensar justamente essa relação entre local e global: enxergando traços da má-formação nacional como parte estrutural do capital global e não como uma contribuição entre culturas. 
Nesse sentido, considera-se que a Teoria Crítica possibilitou - e ainda possibilita - reflexões frutíferas sobre o caráter contraditório do Modernismo e da Modernidade, bem como sobre a heterogeneidade de suas diversas manifestações em nosso país. Assim, convidamos à submissão de artigos, resenhas e traduções de textos que abordem desdobramentos e contradições dos temas no escopo proposto. 

Algumas sugestões de temas

  • Convergências entre a teoria crítica e modernismos brasileiros

  • Teoria crítica no/sobre o Brasil: recepções, críticas e diálogos

  • Modernismos brasileiros e vanguardas europeias

  • Teoria crítica, arte e cultura popular no Brasil

  • Teoria crítica, arte moderna e abstração no Brasil

  • Modernismo brasileiro e crítica dialética 

  • Modernismo, modernização conservadora e capitalismo global

  • Modernismos, mídia e indústria cultural

Novo prazo para submissões: 15/04/2022

Editores: Taisa Palhares, Bruna Batalhão, Isabela Oliveira, João Paulo Andrade, Juliana Franco

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