Razão, Narrativa e Corpo no Modelo de Self de Seyla Benhabib
Resumo
O ponto de partida deste artigo é a crítica de Amy Allen a um resíduo racionalista que teria persistido no “núcleo do self” proposto por Seyla Benhabib. Meu primeiro argumento será o de que para se buscar uma resposta a esse tipo de questão é preciso que se desloque a controvérsia sobre o “núcleo do self” para um debate sobre “a corporificação do self”. Em seguida, sustentarei que a corporificação do self em Benhabib pode responder às críticas de Allen, mas que para fazê-lo é necessário apreender sua noção de corporificação com recursos teóricos que a “ética do cuidado” de Carol Gilligan não é capaz de fornecer. Finalmente, sugiro que no corpo como situação de Simone de Beauvoir podem ser encontradas ferramentas que captam com mais precisão a complexidade e abrangência da noção de corpo inscrita no modelo narrativo de self de Seyla Benhabib
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