Revoltas, marinheiros e sistema prisional no Arsenal de Marinha

notas sobre o trabalho compulsório e cultura política num Rio de Janeiro Atlântico (1820– 1840)

Autores

  • Carlos Eugênio Líbano Soares Universidade Federal da Bahia
  • Flávio dos Santos Gomes Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.53000/hs.n12.183

Palavras-chave:

Arsenal de marinha, Presiganga, Manifesto de presos, Rio de Janeiro

Resumo

Neste artigo analisamos episódios de revoltas articuladas de livres e escravos prisioneiros no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, principalmente aqueles forçados a trabalhar na construção do Dique Imperial na primeira metade do século XIX. Buscamos iluminar a circulação de experiências com dimensões atlânticas dentro dos muros do complexo do Arsenal, que influenciava tanto os presos como a produção de uma cultura política no interior de um sistema prisional que reunia escravos, marinheiros, fugitivos, marujos de vários países, homens do mar, escravos da nação, africanos livres e desertores militares.

Biografia do Autor

Carlos Eugênio Líbano Soares, Universidade Federal da Bahia

Doutorado da Universidade Estadual de Campinas. Professor adjunto da Universidade Federal da Bahia.

Flávio dos Santos Gomes, Universidade Federal da Bahia

Doutorado da Universidade Estadual de Campinas. Professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

02-06-2023

Como Citar

Eugênio Líbano Soares, C., & Santos Gomes, F. dos. (2023). Revoltas, marinheiros e sistema prisional no Arsenal de Marinha: notas sobre o trabalho compulsório e cultura política num Rio de Janeiro Atlântico (1820– 1840). História Social, (12), 11–33. https://doi.org/10.53000/hs.n12.183