O Monstro por meio dos impressos efêmeros

o que a representação desses seres tem a dizer na Inglaterra do século XVII?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53000/hs.v19i27/28.5267

Palavras-chave:

Monstros, Impressos efêmeros, Inglaterra moderna

Resumo

Os materiais oriundos da imprensa instigaram e ainda instigam uma expressiva atenção no que diz respeito aos estudos históricos. A partir desse repertório de fontes, o presente artigo se debruça sobre os textos de caráter efêmero que foram publicados na Inglaterra do século XVII. Por meio deles, almeja-se traçar em que medida tais produções permitiam um espaço para se ponderar sobre a cultura, a política, a religião e a sociedade inglesa da Primeira Modernidade. Ancorando-se nos trabalhos de Roger Chartier (1991; 2011) acerca das representações, busca-se entender como a circulação de textos, imbuídas de suas particularidades de construção e leitura, fomentou um dado repertório acerca dos monstros, alocando-os como seres inseridos dentro de um esquema representacional coletivo, capazes de exteriorizar críticas, anseios e crenças daquela época.

Biografia do Autor

Luísa Pádua Zanon, Universidade Federal de Minas Gerais

Mestrado em andamento em História na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora da Educação Básica da Rede Privada de Belo Horizonte. 

Referências

ANÔNIMO. A relation of a terrible monster taken by a fisherman neere Wollage, July the 15. 1642. and is now to be seen in Kings Street, Westminster. The shape whereof is like a toad, and may be called a toad-fish, but that which makes it a monster, is, that it hath hands with fingers like a man, and is chested like a man. Being neere five foot long, and three foot over, the thicknesse of an ordinary man. The following discourse will describe him more particularly. Whereunto is added, a relation of a bloudy encounter betwixt the Lord Faulconbridge and Sir John Hotham, wherein the Duke of Richmond is hurt, and the Lord Faulconbridge taken prisoner. With some other misselanies of memory both by sea and land, with some forreigne occurrences. Londres: (s.n.) para Nath. Butter, 1642. Disponível em: https://www.proquest.com/books/relation-terrible-monster-taken-fisherman-neere/docview/2240942070/se-2. Acesso em: 05 jan. 2023.

ANÔNIMO. A strange and terrible sight forseene in this kingdome, and city of London: together with the countrimans antidote for its prevention. Londres: (s.n.) para Ed. Blackmore e Tho. Banks, 1643. Disponível em: https://www.proquest.com/books/strange-terrible-sight-forseene-this-kingdome/docview/2240942582/se-2. Acesso em: 09 jan. 2023.

ARAÚJO, André de Melo. O artefato impresso na Época Moderna: forma e materialidade dos produtos da prensa manual preservados no acervo de obras raras da Biblioteca Central da Universidade de Brasília. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. São Paulo, vol. 29, 2021, p. 1-51.

ARAÚJO, André de Melo. O conhecimento impresso: Práticas editoriais e estratégias comerciais nos manuais de impressão da Época Moderna. VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 36, nº 70, 2020. jan. /abr., p. 53-90.

BARATTA, Luca. A Marvellous and Strange Event: racconti di nascite mostruose nell’Inghilterra della prima età moderna. Firenze: Firenze University Press, 2016.

BATES, Alan. Emblematic Monsters: Unnatural Conceptions and Deformed Births in Early Modern Europe. Nova York: Rodopi, 2005.

BEAL, Timothy. Introduction to Religion and Its Monsters. In: WEINSTOCK, Jeffrey Andrew (ed.). The Monster Theory Reader. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2020, p. 295-302.

BERTIN, Juliana. O monstro invisível: o abalo das fronteiras entre monstruosidade e humanidade. Outra travessia. Florianópolis: Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, vol. 22, 2016, p. 37-54.

BRADDICK, Michael. Mobilisation, anxiety and creativity in England during the 1640’s. In: MORROW, John; SCOTT, Jonathan (eds.). Liberty, Authority, Formality: political ideas and culture, 1600-1900. Exeter: Imprint Academic, 2010, p. 175-193.

BRENNER, Alletta. The Good and Bad of that Sexe: Monstrosity and Womanhood in Early Modern England. Intersections. Budapeste, vol. 10, nº 2, 2009, p. 161-175.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Estudos Avançados. São Paulo, vol. 1, nº 5, 1991, p. 173-191.

CHARTIER, Roger. Defesa e ilustração da noção de representação. Dourados, Mato Grosso do Sul: Fronteiras. Vol.13, nº.24, jul./dez. 2011, p. 15-29.

CHARTIER, Roger. A História Cultural: Entre práticas e representações. Tradução de Maria Manoela Galhardo. 2ªed. Rio de Janeiro: Memória e sociedade, 2002.

COHEN, Jeffrey Jerome (ed.). Monster Theory: Reading Culture. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1996.

CRESSY, David. Monstrous Births and Credible Reports: Portents, Texts, and Testimonies. In: _____. Travesties and transgressions in Tudor and Stuart England: tales of discord and dissension. Oxford: Oxford Scholarship Online, 2011, p. 29-50.

DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente, 1300-1800 - Uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

DIRKS-SCHUSTER, Whitney. Monsters, News, and Knowledge Transfer in Early Modern England. 2013. 341 f. Tese (Doutorado em Filosofia na Graduate School). The Ohio State University, Columbus, 2013.

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8ªed. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. Cocanha: a história de um país imaginário. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

HALASZ, Alexandra. The marketplace of print: Pamphlets and the public sphere in early modern England. New York: Cambridge University Press, 1977.

HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. Tradução de Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

HILL, Christopher. Sociedade e literatura na Inglaterra do século XVII. VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, nº 14, set/1995, p. 94-109.

HIRSCH, David. Liberty, Equality, Monstrosity: Revolutionizing the Family in Mary Shelley's Frankenstein. In: COHEN, Jeffrey (ed.). Monster Theory: Reading Culture. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1996, p. 115-140.

JEHA, Julio (org.). Monstros e Monstruosidades na Literatura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

KAPPLER, Claude. Monstros, demônios e encantamentos no fim da Idade Média. Tradução de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

LIEBEL, Sílvia. O mundo às avessas na Europa dos séculos XVI e XVII: Humor, sandice e crítica social. 2006. 180 f. Dissertação (Mestrado em História, linha de pesquisa Espaço e Sociabilidades). Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, 2006.

LIEBEL, Sílvia. Les Médées modernes: La cruauté féminine d'après les canards imprimés Français (1574-1651). Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2013.

LIMA, Verônica Calsoni. Da edição à sedição: a composição e a dispersão de impressos radicais na Inglaterra, 1650-1680. 2023. 458 f. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023.

MEGIANI, Ana Paula. Escritos breves para circular, relações, notícias e avisos durante a Alta Idade Moderna (Sécs. XV-XVII). VARIA HISTORIA, Belo Horizonte, vol. 35, nº 68, 2019. mai./ago, p. 535-563.

MUCHEMBLED, Robert. Uma História do Diabo - Séculos XII-XX. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2001.

PESAVENTO, Sandra. Cultura e Representações, uma trajetória. Anos 90. Porto Alegre, vol. 13, nº 23/24, 2006, jan./dez, p. 45-58.

PLOMER, Henry; et. al. A dictionary of the printers and booksellers who were at work in England, Scotland and Ireland from 1668 to 1725. Oxford: Oxford University Press, 1922. Disponível em: https://archive.org/details/dictionaryofprin00plomiala/page/118/mode/2up. Acesso em: 12 ago. 2024.

RAYMOND, Joad. What is a pamphlet?. In: RAYMOND, Joad. Pamphlets and pamphleteering in early modern Britain. Cambridge: Cambridge University Press, 2003, p. 4-26.

SILVA, Vanessa Simon da. O grotesco e o monstruoso entre culturas: do discurso científico aos folhetos de cordel brasileiros. 2016. 117 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Culturais). Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, 2016.

SUNKEL, Guillermo. Las matrices culturales y la representación de lo popular en los diarios populares de masas aspectos históricos y fundamentos teóricos. In: _____. Razón y pasión en la prensa popular. Santiago: ILET, 2016, p. 33-62.

VIEGAS, Rafael; SÁ, Luiz César. A singularidade compósita: o Monstro de Ravenna em manuscritos italianos. História (São Paulo). São Paulo. vol. 41, 2022, p. 1-30.

WILTENBURG, Joy. Disorderly Women and Female Power in the Street Literature of Early Modern England and Germany. Charlottesville: University Press of Virginia, 1992.

YAGO, Daniel Françoli. A caravana dos prodígios - Maravilhas, figuras grotescas e freaks na obra “Noites no Circo” de Angela Carter. 2017. 192 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), São Paulo, 2017.

Downloads

Publicado

07-04-2025

Como Citar

Zanon, L. P. (2025). O Monstro por meio dos impressos efêmeros: o que a representação desses seres tem a dizer na Inglaterra do século XVII?. História Social, 19(27/28), 31–64. https://doi.org/10.53000/hs.v19i27/28.5267

Edição

Seção

Dossiê - Imprensa na história, histórias na imprensa