Voto direto e a eleição de deputados na perspectiva de Joaquim Gonçalves Ledo, em 1822
DOI:
https://doi.org/10.53000/hs.v19i27/28.5299Palavras-chave:
Constitucionalismo liberal, Independência do Brasil, História da imprensaResumo
O objetivo do artigo é avaliar a posição de Joaquim Gonçalves Ledo no contexto da eleição de deputados para a Assembleia Constituinte e Legislativa do Reino do Brasil. Convocada por decreto em 3 de junho de 1822, a Assembleia e as instruções que regulariam a forma das eleições receberam a atenção do procurador e periodista. Eleito para o Conselho de Procuradores, Ledo atuou nesse espaço e na imprensa pela defesa de um constitucionalismo em que a vontade da maioria deveria prevalecer. Por meio da historiografia da Independência e da análise do discurso político, busca-se articular o voto proferido por ele no Conselho a um artigo publicado no Reverbero Constitucional Fluminense, editado junto de Januário da Cunha Barbosa.
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