v. 1 n. 2 (2017): Descartes e sua correspondência. Descartes and his correspondence

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  O dossiê Descartes e sua correspondência teve a sua escolha motivada em boa parte pela elaboração de novas edições da correspondência de Descartes na França ( Jean-Robert Armogathe), na Itália (Giulia Belgioioso), na Holanda (Erik-Jan Bos) e nos Estados Unidos (Roger Ariew). Contribuiu também para essa escolha a pesquisa apresentada e o debate que se seguiu ao Colóquio homônimo realizado em Campinas pelo GT (Grupo de Trabalho) Estudos Cartesianos da ANPOF. Trata-se de um esforço de acompanhar a mais atualizada pesquisa filológica dos textos de Descartes e explorar, como diria Jean-Robert Armogathe, o “laboratório do pensamento” do autor. Explicando e desenvolvendo suas teses metafísicas, científicas e morais, Descartes estabelece em sua correspondência um diálogo culto e esclarecedor com importantes pensadores, teólogos e cientistas da sua época, como Marin Mersenne, Antoine Arnauld, Isaac Beeckman, Jean-Baptiste Morin, Claude Picot, Pierre Fermat, Henry More, Thomas Hobbes, Constantijn Huygens e Elisabeth da Boêmia. Já não se trata do filósofo que em sua solidão contemplativa escreve só para si mesmo a fim de tornar mais claro o seu pensamento, mas daquele que se submete a uma interlocução reflexiva num círculo privado. Domínio próprio, em que o pensamento se ensaia e se justifica, em que seu grau de liberdade e de provocação intelectual, embora variável conforme o correspondente, tem um estatuto diferente do autor editado cuja obra circula ostensivamente. Nesse registro da correspondência, podemos ver efetivamente como Descartes é entendido e apreciado pelos seus contemporâneos, podemos verificar de modo privilegiado como a sua época o recebe. Tendo como ponto de partida as referidas pesquisas e preocupações teóricas, o dossiê pretende, portanto, incentivar o desdobramento destas e outras questões correlatas com o intuito de elucidar um pouco mais o pensamento cartesiano: Como o corpus cartesiano ampliado e tratado com um maior rigor filológico pode contribuir para o aperfeiçoamento da sua interpretação? Qual é o estatuto desse domínio próprio da correspondência, em que o pensamento se exerce com características muito específicas? Como a correspondência expõe ou aprofunda as teses de Descartes? De que modo certas doutrinas podem emergir na correspondência, como a livre criação das verdades eternas, a terceira noção primitiva, o juízo de gosto e a alma dos animais? Como complemento do dossiê, temos uma seção de tradução de importantes cartas de Descartes, para melhor ilustrar o que está sendo debatido e pensado, bem como mostrar o profícuo campo de trabalho da pesquisa cartesiana que se abre na atualidade. Enéias Forlin Alexandre Guimarães Tadeu de Soares
Publicado: 2018-09-09

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