Dossiê Temático Revista História Social - 1º Semestre 2026

DINÂMICAS DE GÊNERO, PRÁTICAS INTELECTUAIS E TRABALHO (AMÉRICA LATINA, SÉCULO XX)

Coordenadoras: Stella Gontijo (IEAT/UFMG); Mariana Adami (UNICAMP)

Este dossiê propõe reunir pesquisas voltadas à investigação das dinâmicas de gênero que atravessam o trabalho intelectual das mulheres em suas múltiplas dimensões, contemplando produções escritas, práticas educacionais e editoriais, produções visuais, fazeres artísticos, comunicações orais, dentre outras possibilidades de atuação intelectual feminina que resultem em produções que busquem sistematizar e difundir um conjunto de saberes e reflexões a partir de uma linguagem elaborada, dialogando com determinadas tradições a fim de encampar um projeto político, cultural e/ou intelectual - incluindo a sua forma de concepção, produção e circulação. Tradicionalmente a historiografia sobre intelectuais tem privilegiado o estudo de sujeitos masculinos. Almejamos, com este dossiê, provocar uma reflexão sobre as consolidadas definições de intelectual e debater em que medida elas são capazes de incluir as experiências, produções e especificidades da atuação das mulheres. Além disso, a atividade intelectual permaneceu por muito tempo ausente das discussões sobre os mundos do trabalho, em razão de sua frequente associação às elites. Todavia, sabemos que muitos estudos produzidos nos últimos anos têm contribuído para questionar essa afirmativa, demonstrando que muitos sujeitos, de variadas classes sociais, produziram e sobreviveram de suas produções.

Assim, serão bem-vindos textos que complexifiquem os olhares sobre o trabalho intelectual feminino na América Latina (incluído o Brasil), abordando diversas obras, práticas e projetos, de modo a compreender a experiência histórica destas mulheres, em diálogo com os conceitos de “produção douta” (Myers, 2016), de divisão sexual do trabalho e de profissionalização (Nery, 2024). Também encorajamos o envio de artigos que analisem os trânsitos no fazer intelectual de mulheres - entre territórios, formas de expressão, suportes artísticos, círculos de sociabilidades, redes intelectuais, instituições, espaços simbólicos -, pensando as oportunidades, tensões e disputas geradas pelo deslocamento entre múltiplas esferas. Receberemos, enfim, pesquisas que considerem a atividade intelectual feminina no século XX e os embates de gênero derivados desse processo.

 

Referenciais bibliográficos: 

ALTAMIRANO, Carlos (org.). Historia de los intelectuales en América Latina (vol. 2). Buenos Aires: Katz, 2010. 

COSTA, Adriane Vidal; MAÍZ, Cláudio. Introdução. Nas tramas da “cidade letrada”: sociabilidade dos intelectuais latino-americanos e as redes transnacionais. Belo Horizonte: Fino Traço, 2018. pp. 7-18.

DEVÉS-VALDÉS, Eduardo. Redes intelectuales en América Latina: Hacia la constitución de una comunidad intelectual. Santiago do Chile: Colección Idea; Segunda Epoca; Instituto de Estudios Avanzados; Universidad Santiago de Chile, 2007. 

DINIZ, Marli, “Repensando a teoria da proletarização dos profissionais”. Tempo Social, São Paulo, vol. 10, nº 1, pp. 165-184, 1998. 

GOMES, Ângela de Castro; HANSEN, Patrícia Santos (Orgs.). Intelectuais mediadores: práticas culturais e ação política. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2016. 

MYERS, Jorge. “Músicas distantes. Algumas notas sobre a história intelectual hoje: horizontes velhos e novos, perspectivas que se abrem”. SÁ, Maria Elisa Noronha de (Org.). História intelectual latino-americana: itinerários, debates e perspectivas. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2016. 

NERY, Gabriela. Trabalhadores do jornal: organização e proletarização de repórteres e jornalistas no Rio de Janeiro, c.1870-1920. 2024. 1 recurso online (271 p.) Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Campinas, SP. 

PRATT, Mary Louise. "No me interrumpas”: las mujeres y el ensayo latinoamericano. Debate Feminista, 21, 2000, pp. 70-88.

 

Prazos e Formato:

Prazo para envio: 14/12/2025.

Diretrizes para submissão: Disponíveis no site da revista.

Contato para dúvidas: rhs@unicamp.br