Combates pela História da Conjuração Baiana de 1798

idéias de crise e revolução no século XX

Autores

  • Patrícia Valim Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.53000/hs.v13i17.272

Palavras-chave:

Conjuração Baiana de 1798, Historiografia, Memória histórica

Resumo

Este artigo analisa o processo de construção da memória da Conjuração Baiana na historiografia, desde meados do século XIX até o final do século XX. Constatamos que o evento foi reputado pela historiografia oitocentista como sendo uma anomalia social habilmente abortada pelas autoridades régias. Sob a pena dos intelectuais do século XX, entretanto, o evento foi considerado como a mais popular das revoltas que antecederam a emancipação política do Brasil, em 1822. Percebe-se que a pena histórica encarregou-se não só de alargar as bases sociais do evento, como, a partir de uma inversão historiográfica dos pólos das análises, o transformou em um dos tournants da nossa história nacional. Este artigo é a história de um evento pátrio cujo legado simbólico de seus protagonistas é retomado de tempos em tempos e parece ser destinado a servir de instrumento privilegiado para a reflexão em distintas conjunturas.

Biografia do Autor

Patrícia Valim, Universidade Federal da Bahia

Doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo, Brasil(2013)

Referências

ALEXANDRE, Valentim. Os sentidos do Império: questão nacional e questão colonial na crise do Antigo Regime Português. Porto: frontamento,1993.

AMARAL, Braz do. A Conspiração Republicana de 1798. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1927.

ARMITAGE, João. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1981. A 1ª. edição inglesa é de 1836. A primeira edição brasileira é de 1837.

BARROS, Francisco Borges de. Os Confederados do Partido da Liberdade. Salvador: Imprensa Oficial do Estado, 1922.

BARROS. Francisco Borges de. Primórdios das Sociedades Secretas da Bahia. Salvador, Imprensa Oficial do Esta do, 1929.

FAORO, Raimundo. “Existe um pensamento político brasileiro?”. Revista de Estudos Avançados, vol.1, n.1, São Paulo, Outubro/Dezembro, 1987.

FLEXOR, Maria Helena (Org.). Autos de Devassa da Conspiração dos Alfaiates. Salvador: APEB, 2.v., 1998.

FRAGOSO, João GOUVEA, Maria de Fátima e BICALHO, Fernanda Bicalho.O Antigo Regime nos trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculosXVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

GRAMSCI, Antonio. Literatura e vida nacional. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

JANCSÓ, István. Na Bahia contra o Império: história do ensaio de sedição na Bahia de 1798. São Paulo: Hucitec, 1996.

JANCSÓ, István. A Sedução da liberdade: cotidiano e contestação política no final do século XVIII. In: SOUZA, Laura de Melo e (org.). História da vida privadano Brasil, cotidiano e vida privada na América Portuguesa, vol. 1, SãoPaulo: Companhia das Letras, 1999.

JANCSÓ, István. O 1798 Baiano e a crise do Antigo Regime Português. II Centenário da Sedição de 1798 na Bahia. Salvador: Academia de Letras da Bahia,Secretaria da Cultura e Turismo; Brasília: MINC, 1999.

JANCSÓ, István. Bahia 1798: a hipótese do auxílio francês ou a cor dos gatos. In:Furtado, J. F. (org.) Diálogos Oceânicos: Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império Ultramarino Português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.

MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Da Revolução dos Alfaiates à riqueza dos baianos no século XIX.Salvador: Corrupio, 2004.

MAXWELL, Kenneth. Bahia, século XIX: uma província no Império. Rio de Janeiro, NovaFronteira, 1992.

MAXWELL, Kenneth. Presença francesa no Movimento Democrático Baiano de 1798. Salvador:Itapuã, 1969.

MAXWELL, Kenneth. A Devassa da devassa – Inconfidência Mineira: Brasil ePortugal (1750-1808). São Paulo: Paz e Terra, 1977.

MOTA, Carlos Guilherme. Idéia de Revolução no Brasil. São Paulo: Cortez, 1986.

NOVAIS, Fernando Antonio. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808).São Paulo: Hucitec, 1979 (7a. Edição, 2001).

NOVAIS, Fernando Antonio. Aproximações: estudos de história e dehistoriografia. São Paulo: Cosac&Naïf, 2005

PRADO JÚNIOR. Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos.São Paulo: Brasiliense, 1975.

SARTRE, Jean. Questão de método. 3a. edição, São Paulo: Nova Cultural, 1987.

SILVA, Inácio. Memórias Históricas e Políticas da Bahia, anotadas por Brazdo Amaral, Bahia: Imprensa Oficial, 1919-1940, 6 volumes.

SILVA, Inácio. Memórias Históricas e Políticas da Província da Bahia. Bahia: Typ. Do Correio Mercantil, de Précourt, 1835, Tomo I.

SILVA, Rogério. Colônia e Nativismo: a história como biografia da Nação. São Paulo: Hucitec, 1997.

TAVARES, Luís. História da Bahia. São Paulo: Editora da Unesp, 2001.

TAVARES, Luís. História da Sedição intentada na Bahia em 1798(A Conspiração dos Alfaiates). São Paulo/Brasília: Pioneira/INL, 1975.

TAVARES, Luís. Da sedição de 1798 à Revolta de 1824 na Bahia. São Paulo/Bahia: Editora da Unesp/EDFBA, 2003,

VALIM, Patrícia. “O preço da Liberdade”. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 1, nº 10, maio-julho/2006, pp. 68-71.

VALIM, Patrícia. “O tempo em que todos seremos iguais”. Revista História Viva, Ano V, nº. 49, novembro, 2007, pp. 88-92.

VALIM, Patrícia. Da Sedição dos mulatos à Conjuração Baiana de 1798: a construção de uma memória histórica. FFLCH/USP, 2007. (dissertaçãode mestrado)

VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil antes de sua separação e independência de Portugal. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp,10a. edição integral. 1981.

VESENTINI, Carlos Alberto. A teia do fato: uma proposta de estudo sobre amemória histórica. São Paulo: Hucitec, 1997.

VILHENA, Luís dos Santos. Recopilação de notícias sotero politanas e brasílicas.Salvador: Itapuã, 1969.

WALLERSTEIN, Immanuel. O sistema mundial moderno. Porto:Afrontamento, 1974, 2 vols.

WEBER, Max. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora da UNB, 1999, 2 vols.

Downloads

Publicado

05-04-2011

Como Citar

Valim, P. (2011). Combates pela História da Conjuração Baiana de 1798: idéias de crise e revolução no século XX. História Social, 13(17), 21–48. https://doi.org/10.53000/hs.v13i17.272